Os gafanhotos Migrador, Cortador, Devorador e Destruidor

Tema: ESTUDOS BÍBLICOS

pregação gafanhotos

Joel 1.4 “O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor.

Introdução: O profeta Joel anunciou uma grande destruição usando a figura do gafanhoto como símbolo. Joel profetizou num tempo de decadência espiritual, durante o período do rei Joás (II Reis 11.1-3), quando ainda criança e a rainha Atalia usurpava do trono (841 - 835 a.C.).1 O texto não diz se os gafanhotos foram uma visão do profeta ou um fato real que aconteceu, mas poderia se referir a eventos comuns na região, quando as lavouras eram atacadas por gafanhotos, para exemplificar o caos que o povo vivia.

Como são estes gafanhotos?

Vamos entender a mensagem e o significado de cada um dos quatro tipos gafanhotos descritos pelo profeta Joel:

1 - A mensagem sobre os gafanhotos

O profeta Joel teve a missão de despertar o povo à obediência, fazendo-os observar o que acontecia ao seu redor, tirando lições para sua vida. A aplicação da mensagem usando a figura do gafanhoto pode ser entendida de diferentes formas, mas há o consenso que que o objetivo era repreender a desobediência do povo.

Quatro lições na mensagem de Joel sobre os gafanhotos:

a) Sentido MORAL

Joel inicia seu texto chamando atenção do povo: “narrai isto a vossos filhos, e vossos filhos o façam a seus filhos, e os filhos destes, à outra geração (Joel 1.3). O profeta avisa que a história devia ser contada pelas famílias para que não esquecessem das lições que já tinham vivido e o que estava acontecendo. Joel também repreende o pecado da embriaguez no meio do povo (Joel 1.5).

b) Sentido PROFÉTICO

Gafanhotos são símbolos de multidão e exército em várias passagens bíblicas (Isaías 33.4; Jeremias 51.14 e 27). Quando Joel diz que “veio um povo contra a minha terra, poderoso e inumerável (Joel 1.6), referindo-se a um grande exército (Joel 2.4-9 e 11), poderia estar avisando profeticamente sobre uma sequência de invasões que o povo de Israel sofreria com quatro grandes exércitos: assírios, babilônicos, medo-persas e romanos.2

c) Sentido HISTÓRICO

Joel narra que “o campo está assolado, e a terra, de luto, porque o cereal está destruído, a vide se secou, as olivas se murcharam” (Joel 1.10), então é possível que tenha acontecido uma praga de gafanhotos e o profeta então usa como exemplo para sua mensagem descrevendo literalmente uma devastação (Joel 1.7-12) e consequentemente a fome (Joel 1.16,17). Este marco histórico pode ter sido o ponto de partida para a mensagem profética de Joel, chamando o povo ao arrependimento.

d) Sentido ESPIRITUAL

A profecia de Joel também tem propósito espiritual de chamar o povo ao arrependimento (Joel 1.13,14 e 2.12-17). Quando saíram do Egito, Deus livro o seu povo das pragas, inclusive dos gafanhotos (Êxodo 10.12-15), que frequentemente são usados como símbolo do castigo Divino (Amós 4.9 e 7.1; II Crônicas 7.13; Salmos 105.34). O apóstolo João narra uma visão apocalíptica de gafanhotos (Apocalipse 9.3), usando uma linguagem semelhante à de Joel ao dizer que estes gafanhotos tinham “dentes como de leão” (Joel 1.6 e Apocalipse 9.8), simbolizando seu poder de destruição. No texto apocalíptico os gafanhotos representam o poder demoníaco saindo do abismo (Apocalipse 9.1-3) e sua aparência é aterrorizante (Apocalipse 9.7-11).

Ponderando estas possibilidades de interpretação dos gafanhotos citados pelo profeta Joel é possível compreender sua lição moral de chamado à reflexão, o sentido profético se referindo às invasões de exércitos inimigos que destruiriam a terra, o fato histórico de um enxame de gafanhotos que destruiu as lavouras e por fim a mensagem espiritual visando o arrependimento.

2- Os tipos de gafanhotos

No texto original da Bíblia é possível entender que o profeta Joel não está falando de tipos diferentes de gafanhotos e sim a lagarta, o gafanhoto adulto, a locusta e o pulgão que são fases da vida do gafanhoto (Levítico 11.22), à medida que cresce e se procria, destruindo as plantações (Naum 3.15-17). 3

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O profeta Joel descreve de maneira clara, sobre a ação dos gafanhotos na lavoura, o que era conhecido das pessoas da época, que sobreviviam de suas plantações. Uma praga de gafanhotos era realmente temida pelos produtores, que dependiam da terra para o sustento de suas famílias e sabiam que as consequências deixadas pelos gafanhotos seriam desastrosas.

As fases dos gafanhotos:

a) Gafanhoto Cortador > LAGARTA

A primeira palavra usada para o gafanhoto cortador é gazam (גָּזָם)4, que significa lagarta. Esta palavra aparece apenas três vezes na Bíblia (Joel 1.4, 2.25 e Amós 4.9). A lagarta também é chamada de roedora ou descascadora porque corta as folhas da planta. A lagarta ainda pequena se abriga na lavoura e corta o fruto, comendo uma parte, fazendo com que estrague e o agricultor não colhe e o fruto por completo.

b) Gafanhoto Migrador >GAFANHOTO

A segunda palavra usada para o gafanhoto migrador é arbeh (אַרְבֶּה)5 que é o gafanhoto quando está em fase de crescimento e por isso viajam em bandos em busca de alimento. Esta é uma a palavra mais comum para se referir ao gafanhoto, usada 24 vezes na Bíblia. O gafanhoto migrador, como o nome diz, representa a fase migratória, espalhando um rastro de destruição, pois quando acabam de comer em um lugar, logo passam para outra plantação.

c) Gafanhoto Devorador > LOCUSTA

A terceira palavra usada para o gafanhoto devorador é yeleq (יָ֫לֶק)6 que é a sua fase adulta e reprodutiva. Nesta fase, o gafanhoto se alimenta muito mais porque tem o objetivo de colocar seus ovos na lavoura. O nome devorador se refere ao seu poder de consumir a plantação em pouco tempo.

d) Gafanhoto Destruidor > PULGÃO

A quarta palavra usada para falar do gafanhoto destruidor é chasil (חָסִיל)7 se refere ao filhote que eclodiu dos ovos deixados pela locusta. Este pulgão fica na lavoura e suga a seiva, podendo matar as plantas com uma espécie de ferrugem em seus galhos e folhas, além de ser uma nova geração de gafanhotos que continua destruindo as plantações. Nesta fase o agricultor procura agir de forma preventiva para proteger sua lavoura.

Os quatro gafanhotos citados por Joel, na verdade são fases que prejudicam as lavouras continuamente. O gafanhoto cortador age cortando as folhas, o gafanhoto migrador quebrando e carregando folhas e galhos, o gafanhoto devorador consome ainda mais as plantações a reprodução e finalmente o gafanhoto destruidor corrói os troncos e folhagens podendo matar as plantas. 8

Os gafanhotos podem ser vencidos!


CONCLUSÃO

Joel 2.25 “Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros.”

A profecia de Joel que inicia com um aviso de destruição, continua com uma mensagem de esperança para o povo de Deus (Joel 2.25-27) e anuncia a salvação através de um novo tempo com o derramar do Espírito Santo (Joel 2.28-31). O “dia do Senhor” tão anunciado por Joel é o juízo sobre a desobediência (Joel 1.15; 2.1, 11, 31; 3.14 e 18), mas as promessas Divinas são de bênção e paz sobre aqueles que se arrependem.
Este texto é muito usado para se referir à fidelidade nos dízimos e ofertas, mas na verdade o contexto não se refere exclusivamente a isso, embora Joel também diga que foi “cortada está da Casa do Senhor a oferta de manjares e a libação; os sacerdotes” (Joel 1.9), podendo fazer uma ligação com a mensagem de Malaquias que fala do devorador (Malaquias 3.10,11).
De maneira simbólica, os gafanhotos podem representar perdas que temos em nossas vidas (Ageu 1.6) e precisamos tirar lições práticas com estes acontecimentos (Isaías 55.1,2). Espiritualmente também podem significar a ação maligna que tenta “roubar, matar e destruir” (João 10.10), mas que em Cristo sabemos que somos salvos pela fé (I João 3.8).

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Bíblia de Estudo Arqueológica NVI. São Paulo: Editora Vida, 2013. Páginas 1435 e 1438.
STRONG, James. Dicionário Grego do Novo Testamento. Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico. Grego. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 2011. Página 1578, Verbete 1501.
STRONG, Página 697, Verbete 697.
STRONG, Página 1683, Verbete 3218.
STRONG, Página 1649, Verbete 2625.

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Rev. Welfany Nolasco Rodrigues

Pastor Metodista. 44 anos. Casado com Ássima, pai de Heitor e Hadassa. Natural de Muriaé MG. Bacharel em Teologia pela UMESP.

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